A produtora de alimentos multinacional Nestlé foi acusada de adicionar açúcar em alimentos para bebês de países de baixo desenvolvimento, conforme revela relatório de ONGs.

Um relatório divulgado por ONGs como a Public Eye e IBFAN acusa a Nestlé de adicionar açúcar em alimentos para bebês apenas em países da Ásia, África e América Latina, incluindo o Brasil. Enquanto em alguns lugares da Europa, como a Suíça, onde a empresa tem sua sede, esses produtos são vendidos sem açúcar. Por exemplo, na Suíça, a Nestlé vende cereais para bebês de seis meses com a descrição “sem adição de açúcar”, mas em países como Senegal ou África do Sul, os mesmos cereais contêm 6 gramas de açúcar adicionado por porção. Em países como Alemanha, França e Reino Unido, todos os leites de crescimento para crianças de um a três anos da Nestlé não têm açúcar na composição. Mesmo os cereais destinados a crianças com mais de um ano nesses lugares não contêm açúcar, ao contrário dos destinados a bebês a partir dos seis meses. O relatório examinou 115 produtos Mucilon vendidos nos principais mercados da Nestlé na África, Ásia e América Latina, dos quais 108, equivalente a 94%, continham adição de açúcar. No Brasil, que é o segundo maior mercado do produto no mundo, cerca de três quartos dos cereais infantis da marca têm adição de açúcar, com uma média de três gramas por porção. Essa prática vai contra o guia alimentar para crianças brasileiras menores de dois anos, do Ministério da Saúde. A Nestlé afirma seguir as regulamentações da Anvisa e recomendações da OMS, justificando as variações nas receitas entre países por diversos fatores.

Reportagem: Rackel Vieira